Governo do Distrito Federal
21/02/20 às 18h39 - Atualizado em 17/03/20 às 20h11

Matéria destaca uso da tecnologia para garantir a segurança no Carnaval

De olho nos 84 eventos previstos para desfilarem na área central de Brasília desta sexta-feira (21/2) a terça-feira, a Secretaria de Segurança Pública instalou uma central para integrar o trabalho das forças. Nesta sexta-feira (21/2), a pasta inicia as atividades na Cidade da Segurança Pública, na Torre de TV, onde ficará uma central de acompanhamento dos atendimentos realizados pelo Corpo de Bombeiros, pelas polícias Militar e Civil e pelo Departamento de Trânsito (Detran).

Focado na região, o efetivo terá mais de 1,9 mil pessoas em cada um dos cinco dias de folia. Para o secretário de Segurança Pública, Anderson Torres, o objetivo é facilitar a prestação de serviços e atender as ocorrências de modo célere. No ano passado, sistema semelhante formado pela Polícia Militar e pelos bombeiros funcionou no mesmo local. “(O sistema) evoluiu dentro de nossa política de integração das forças. Esse é o modelo que queremos aplicar no DF. Entendemos que, se não for assim, não dará certo. É uma iniciativa pioneira. A nossa ideia é centralizar, integrar”, destacou Torres.

A Polícia Civil contará com serviços além do registro de ocorrências e da emissão de termos circunstanciados. A corporação deslocará não só agentes e delegados, como médicos legistas, papiloscopistas e peritos criminais para trabalharem em três ônibus na Cidade da Segurança. “Em um deles, haverá a realização de exames de corpo de delito e de constatação (da presença) de drogas (no organismo). Uma vítima de lesão, por exemplo, não precisará ser encaminhada ao IML (Instituto de Medicina Legal)”, detalhou o delegado André Sala, assessor do Departamento de Atividades Especiais da PCDF.

As equipes da 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul), da 5ª DP (Área Central) e da Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA 1), na Asa Norte, terão reforço. O mesmo está previsto para os plantões nas unidades das demais regiões administrativas. Outra novidade é o emprego de drones e câmeras de reconhecimento facial em pontos estratégicos. Os equipamentos, usados pela primeira vez, facilitarão a identificação de foragidos da Justiça e permitirão o cruzamento com dados de 15 mil mandados de prisão em aberto.

O delegado André Sala afirmou que o sistema ainda não tem previsão de uso contínuo, mas deve funcionar, a depender da demanda e da conveniência, em eventos de grande porte. Para o secretário de Segurança Pública, o carnaval deste ano será um teste para tal esquema. “Vamos ver como funcionará e como vai ser a reação, para podermos adquirir (novas câmeras) e espalhá-las em outros pontos. É algo que muito nos interessa e um projeto que faz parte do monitoramento das cidades”, completou Anderson Torres.

Esforço

A Secretaria de Cultura dividiu a área central de Brasília em sete setores, onde 84 eventos ocorrerão até terça-feira. O maior efetivo na região será da Polícia Militar, que colocará 1,5 mil PMs por dia nas ruas. Cada um dos maiores blocos ficará sob o comando de um major, que permanecerá em contato com a central de operações na Torre de TV. Além disso, os serviços na área administrativa serão intensificados.

O chefe da comunicação da PMDF, coronel Alexandre de Souza Oliveira, comentou que haverá um esforço por parte de todos os envolvidos nas atividades de acompanhamento das festividades. “Toda a PM está mobilizada. O carnaval de Brasília vem em um ascendente de público, alegria e reconhecimento em âmbito nacional. Trabalharemos para que continue dessa forma e para que as pessoas possam ir para os blocos se divertirem”, disse o oficial.

O Corpo de Bombeiros e o Detran também terão uma base na Cidade da Segurança Pública e, assim como as demais forças, aumentarão o número de equipes nas festas das outras cidades do DF. Chefe da seção de emprego operacional da corporação, o tenente-coronel Ivan Luiz Ferreira dos Santos ficou responsável pelo planejamento da operação dos militares em 2020.
Palavra de especialista

Integração é fundamental
“A integração das forças é o caminho ideal. É o melhor e fundamental, sobretudo, em eventos de massa. Lembramos muito da polícia, porque ela está lá para controlar eventuais distúrbios, mas a presença de bombeiros, da Defesa Civil e do Detran também é importante para garantir a integridade. Não existe sociedade sem crime. Vão ocorrer pequenos furtos e roubos, mas as pessoas também podem ajudar a polícia, evitando deixar a carteira em locais de fácil acesso; tendo cuidado com copos e garrafas para evitar serem vítimas do famoso ‘boa-noite, Cinderela’; fazendo consumo responsável de álcool; indo acompanhadas de colegas; ficando atentas nos momentos em que chegam ou saem (dos eventos). Isso vale para homens e mulheres. São medidas de segurança pessoal e de prevenção, que ajudam a contribuir com o trabalho que as forças estão fazendo. O crescimento do interesse pelo carnaval não é um fenômeno só de Brasília. Então, é claro que as instituições de segurança precisam se adequar a essa nova dinâmica social. E isso (criação de uma central de integração) está totalmente de acordo com o que se faz no resto do Brasil e em outros lugares”, Marcelle Figueira, pesquisadora na área de segurança pública e professora da Universidade Católica de Brasília (UCB).

Drones e reconhecimento facial

Pela primeira vez, o Distrito Federal usará drones e reconhecimento facial para melhorar a segurança no carnaval. Os equipamentos aéreos da Polícia Militar servirão para orientar o policiamento, e câmeras da Polícia Civil identificarão pessoas com mandados de prisão em aberto, entre outras implicações legais. As medidas foram anunciadas após reunião entre representantes do GDF e de blocos de rua, na Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança Pública e Defesa Civil (Ciosp).

A primeira cidade a testar a tecnologia foi Salvador, seguida por Rio de Janeiro. Neste ano, além de Brasília, São Paulo adotará o reconhecimento facial. O Distrito Federal usa o sistema automatizado em toda a frota de ônibus desde maio de 2019.

O empresário Ariel Prazeres, 25 anos, sente-se mais protegido com a nova estratégia. “Eu me sinto seguro, pois o reconhecimento facial ajudará na identificação de criminosos, foragidos ou qualquer pessoa que queira fazer o mal. É muita gente na festa e, com essas tecnologias, fica mais fácil localizar aqueles com más intenções”, defende o folião.

Para o professor Flávio Vidal, do Departamento de Ciência de Computação, líder do Bitgrup (Biometric and Tecnologies Group) da UnB, a utilização de câmeras para monitoramento facial traz segurança. “O que interfere é a possibilidade de um suspeito negar ser o autor do crime. Quando isso acontece, entra o reconhecimento facial. Com as imagens, o oficial resolve o problema, não deixa de prender alguém por falta de provas”, aponta o especialista.
Fonte: Correio Braziliense